Lá vem eu inventando moda de novo. Senta que lá vem história.
[post criado em 13/11/2022, com última atualização em 24/11/2022]
Meu problema com o Google e o Gmail (deveria ser seu também)
O ano era 2004, surgia um novo serviço de email gratuito que prometia “incríveis” 1GB de espaço. Da já grande (mas não tão gigante quanto hoje) Google.
O serviço era tão pequeno na sua origem que funcionou primeiramente através de convites. Recebi um de um amigo, depois distribui os meus a outros. Havia até grupos e comunidades (no Orkut, por exemplo), que tinha o propósito de facilitar essa troca de convites.
O serviço, de fato, sempre foi bom. Layout agradável, funcional, com poucas falhas, e que com o tempo escalonou seu tamanho, até chegar nos 15GB de hoje. Porém, siga-se de passagem, estacionando nesse espaço já há uns bons anos (a não ser que você pague por espaço adicional).
De uma simples conta de email, passou a ser mais do que isso, uma conta Google, atrelada a diversos serviços da empresa, histórico de pesquisa, compra de aplicativos Android, documentos do Google Docs, etc.
Porém, existe uma famosa frase do jornalista Andrew Lewis que diz “quando o serviço é gratuito, o produto é você”. E com o Google essa frase não poderia ser mais verdadeira.
Com uma “troca” por serviços gratuitos, ano a ano vamos abrindo mão de nossa privacidade com essa e outras empresas.
Descobre-se então que nem mesmo o conteúdo de emails, imagens salvas no drive, nada é isento de inspeção pelo Google, com o propósito final de criar um algoritmo perfeito para o melhor anúncio chegar até você, fazendo felizes os seus clientes. Esse cliente é você? Não, não, os anunciantes.
Recentemente surgiram denúncias de contas Google suspensas devido ao teor de imagens armazenadas no drive na forma de backup. Nem precisando entrar no mérito do conteúdo dessas imagens, chegam os questionamentos.
É honesto essa inspeção de conteúdo pelo Google? Mesmo que esteja concedendo um pedacinho de seus HDs e servidores para que as pessoas armazenem seus arquivos, deixá-los numa vitrine (mesmo que por inteligência artificial) é uma troca justa?
Além disso, muitas pessoas usam seus e-mails para o cadastro de centenas de serviços. Muitos emails são provas, processos, arquivos importantes por uma grande quantidade de motivos distintos. Além disso, como dito anteriormente, a conta Google serve para outras funções, incluindo como conta atrelada a aplicativos adquiridos. Então, por uma arbitrariedade, do dia para a noite a empresa decide que, sendo proprietária do serviço, tem o direito de excluir a sua conta para sempre.
Isso levanta muitos questionamentos sobre conceito de propriedade e autoria. O Google é proprietário do serviço, mas qual o direito deles de apagar mensagens pessoais, de autoria do usuário, ou endereçadas ao usuário, além de documentos, imagens e demais arquivos pessoais?
Até onde vale a pena se submeter a um serviço gratuito e correr o risco de perder informações extremamente importantes para a sua vida?
Meu problema com o Hostgator
Quando comecei a brincar nesse mundo de criação de sites utilizando domínio próprio, logo o nome do Hostgator surgiu, e virei cliente deles desde então. Mais precisamente, em 2011.
O serviço é pago. Assino sempre o plano M. Com um plano é permitido criar muitos sites, bancos de dados e emails. O serviço até que é bom na maioria do tempo, e tudo funcionava relativamente bem.
Meu primeiro atrito, há alguns anos, veio quando reclamaram do armazenamento de uma quantidade (segundo eles) excessiva de arquivos. Não lembro hoje sobre quantos GB estamos falando, mas era uma quantidade razoável, mas não exagerada, algo em torno de uns 10GB.
Vieram até mim por e-mail alegando que aqueles arquivos não estavam endereçados em nenhuma página, configurando armazenamento de arquivo, que não era permitido no servidor. Já chegaram falando para eu fazer backup pois aqueles arquivos deveriam ser apagados.
De fato naquele momento não estavam endereçados, pois eu primeiro upei os arquivos, para então organizar o site. Enfim, apaguei os arquivos na época para evitar maiores prejuízos.
Em outros momentos fiquei descontente pela flutuação de permissão de inodes, subdomínios, bancos de dados, etc. Ora ilimitados, ora limitados (dentro do mesmo plano).
Mas o episódio que mais me chateou foi um caso recente. Na atualização de plano de hospedagem que realizei esse ano, me foi obrigado a fazer uma decisão logo num primeiro momento: utilizar a plataforma Titan de emails, ou o sistema de emails básico.
Como eu basicamente encaminhava meus e-mails para o Gmail, essa escolha não seria tão relevante, então por um momento achei que o Titan seria uma opção mais interessante.
Porém é um serviço que passou a ser vinculado com o Hostgator, que possui contas de emails extremamente simples (com um webmail menos funcional que o Gmail), com apenas 1GB. Para ter mais espaço, é necessário pagar. Enquanto isso, o sistema de emails básico utiliza a quota da hospedagem, que é atualmente de 100GB no meu plano, e podendo usar qualquer um dos vários sistemas de webmail disponíveis.
O grande problema é que, uma vez optando pelo sistema Titan, não é possível realizar a troca. Tentei sozinho, depois pelo atendimento via chat, negado.
Atualização: alguns dias depois, abri uma reclamação no Reclame Aqui e, depois de algumas conversas, propuseram uma solução, que foi a migração para outro plano (preservando dados e validade do serviço), trocando assim o sistema de e-mails. Tive pouco trabalho e eles bem foram atenciosos. Assim, em 23/11/2022 o problema foi parcialmente resolvido.
Lamentavelmente um recurso que uso muito, o “catch-all” (que faz um dos e-mails receber mensagens de contas erradas ou digitadas erradas antes do @), presente dentre os recursos do cPanel completo e que usava anteriormente, foi desativado pelo Hostgator (segundo o atendente, por motivos de segurança). Uma alternativa mais trabalhosa, que seria adicionar vários alias, também parece não estar mais disponível.
Isso é totalmente impeditivo para o objetivo de trazer definitivamente meus e-mails do Google Workspace ao cPanel do Hostgator.
Abandonar esses serviços: uma solução?
Percebam que, uma vez descontente com o Gmail, poderia encaminhar meus e-mails de domínios próprios para outra plataforma, já que tenho plano no Hostgator. Até resolver o problema com o sistema Titan, essa opção seria ruim. Com o problema resolvido, passou a ser uma possibilidade.
Dentre as muitas ideias “nerds” que fui tendo na vida, a que me parecia mais drástica, porém mais libertadora, seria a de criar um servidor dedicado próprio do zero, completamente montada com meu hardware e softwares livres e gratuitos. Não teria amarras com nenhuma empresa, a não ser naturalmente a fornecedora de energia elétrica e conexão.
Talvez isso seja outra língua para alguns. Eu traduzo: significa ter um servidor comigo, fisicamente ao meu lado, hospedando meus sites, recebendo, enviando e armazenando meus e-mails.
Deixaria de depender de servidores de email como o Google/Gmail, e de servidores de hospedagem pagos, como o Hostgator.
Há opções menos arriscadas, como usar um servidor dedicado ou VPN, que teria uma estrutura de hardware mais robusta, sem depender da minha energia elétrica e conexão. Porém, além do custo, ainda ficaria atrelado a alguma prestadora de hospedagem.
Não tomei uma decisão ainda. Talvez eu caminhe para uma alternativa dupla, tendo mais de um servidor funcionando. Por exemplo, um físico para grande capacidade de armazenamento para montar grandes sites de imagens, acesso privado para plataformas de vídeos, acesso remoto de arquivos e outras possibilidades que ter um servidor doméstico possibilita, e um VPN para serviços mais cruciais, como o funcionamento de e-mails.
O caminho não é simples.
Ter um servidor doméstico depende primeiramente em melhorar meus conhecimentos na montagem de servidor e toda a infraestrutura de software necessária. Cuidar do hardware, o qual passará a ter de ficar permanente ligado, com DNS apontando para meu IP. Cuidar da qualidade de energia elétrica e conexão.
Assim, assumir uma responsabilidade sobre tudo, tanto as coisas boas como as ruins. Deixar tudo funcionando custará mais tempo do que dinheiro.
O VPN compartilha grande parte do conteúdo de conhecimento, apenas trocando os cuidados de hardware pela mensalidade do serviço.
Alguns problemas e questionamentos na vida servem para explorarmos outras áreas de conhecimento que às vezes até já cogitávamos, mas que ainda precisávamos de um empurrãozinho pra fazer acontecer. Talvez esse empurrãozinho tenha aparecido agora.
Quero explorar novos programas, entrar de cabeça no mundo dos programas “self-hosted”, aprender mais sobre servidores linux e redes internas e externas. Montar hardware para servidor, usar VPN. Coisas que a hospedagem compartilhada e limitada do Hostgator não me atende mais, e para VPN não é a opção mais interessante.
Minha meta é desenvolver isso ao longo de 2023, e tentar colocar tudo online no início de 2024.
Irei atualizar todo o processo por aqui.