A série tenta criar um tema com claras inspirações de Black Mirror, com elemento de mistério, por vezes passando pelo fantástico e onírico. Porém, em alguns momentos fica um pouco difícil aceitar que adolescentes sejam tão ingênuos em relação à tecnologia.
Introduz com isso assuntos importantes para adolescentes, como amizade, bullying, depressão, suicídio, problemas financeiros, relacionamentos, dependência química. Porém, ao passo que tudo isso é importante, fica a impressão que os roteiristas queriam aproveitar o fio da trama principal para abordar tudo ao mesmo tempo, fazendo quase todos esses assuntos surgirem de forma superficial, por vezes até de certa forma banal.
Ainda assim, a primeira metade dos oito episódios parece arrastada, chegando a dar sono algumas vezes. A segunda metade melhora, quando há um foco maior no problema principal, com um aumento no clima de tensão, passando um pouco pelo terror.
As atuações infelizmente são bem genéricas e sem nenhum destaque especial. Há pouco carisma nos personagens, vários nem mesmo têm razão de existir.
Ainda que o tema sugira o uso de efeitos especiais, aqui são quase ausentes. Há apenas poucos efeitos práticos. Alguns até um pouco bizarros, como uma lâmpada vermelha apontando para o rosto das personagens, em alusão à luz emitida do celular quando o aplicativo que dá nome à série é aberto. A fotografia, porém, em geral é bem competente, ainda que em alguns momentos exista uma repetição preguiçosa de enquadramentos.
Estranhamente nessa série adolescentes de 2022 gostam muito de músicas dos anos 90. A releitura de Barbie Girl, além de um tanto deslocada do tema da série, é provavelmente uma tentativa de embarcar no trem do hype do filme, já que foi lançada um pouco antes. A trilha não é ruim, pelo contrário, há vários sucessos e versões de hits, mas que não dialoga nem com os personagens, nem com o tema e nem com o público alvo.
O arco da história se fecha bem no último episódio, mas deixa mais pontas soltas do que aparenta, seja por descuido de roteiro, ou uma esperança por uma segunda temporada, o que duvido que irá ocorrer.